ATA DA QUADRAGÉSIMA QUARTA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 01.10.1992.

 


Ao primeiro dia do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Quarta Sessão Solene da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às dezessete horas e vinte minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a entregar o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Se­nhor Sanzi Biagio, conforme Projeto de Resolução nº 62/91 (Processo 3176/91), de autoria do Vereador Artur Zanella. Após, o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzi­rem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Artur Zanella, no exercício da Presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre; Deputado Federal Victor Faccioni; Jornalista Firmino Sá Cardoso, representando a Associação Riograndense de Imprensa; Senhor Marcos Rachewski, representando o Clube de Diretores Lojistas; Senhor José Car­los de Mello D’Ávila, Presidente da EPATUR; Senhor Sanzi Biagio, Homenageado; Senhora Conchetta Rimoli, Esposa do Homena­geado; e Vereador Omar Ferri, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Artur Zanella, proponente e em nome das Bancadas do PTB, PPS e PL, reportou-se sobre a homenagem hoje prestada, destacando as personalidades e autoridades presentes. Prestou homenagem aos Deputados Federais no que diz respeito ao resgate da dignidade do povo brasileiro referindo-se ao “impeachment” do Presidente da República recém ocorrido. Falou, também, sobre a tradição deste Legislativo em conceder títulos honoríficos a cidadãos de outros Muni­cípios ou mesmo de outros Países, radicados em Porto Alegre. Discorreu sobre a vida pregressa do Homenageado, ressaltando a importância de sua profissão. O Vereador Omar Ferri, em no­me da Bancada do PDT, falou sobre a solenidade hoje realizada por esta Casa, comentando sobre a tradição e costumes do po­vo italiano. Discorreu sobre o sentimento de amor e amiza­de que esse povo dispensa a seus correligionários, afirmando que o Senhor Sanzi Biagio é a representação em pessoa desse elo de aproximação com nossa Cidade. Parabenizou o Homenageado e a comunidade porto-alegrense por esta solenidade. Na ocasião o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondência relativa ao evento, do Governador do Estado, do Vice-Governador, do Deputado Guilherme Socias Villela e do Secretário de Estado da Segurança, bem como, as presenças, em Plenário, do ex-Deputado Oly Facchin, Professor Dante Laitano, Senhores Firmino Pavan, Elson Furini, Nelson Silva, Antonio Giugliotta, Carmine Motta e Alceri Flores. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PDS, discorreu sobre o evento, afirmando que o povo italiano se destaca pela confraternização. Disse, ainda, que este ato é o reconhecimento da Cidade de Porto Alegre ao Se­nhor Sanzi Biagio, afirmando que o mesmo não se isenta de trabalhar por ela. Saudou o Homenageado e sua Família. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Deputado Federal Victor Faccioni que discorreu sobre a homenagem prestada por es­te Legislativo, tecendo comentários sobre o momento vivido pelos brasileiros, tendo em vista o “impeachment” do Presidente da República. Saudou o Homenageado pela dedicação ao trabalho nesta Cidade. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, de pé, assistirem a entrega do Diploma ao Senhor Sanzi Biagio por Sua Excelência, bem como, de flores pelas netas do Homenageado. Após, foi feita apresentação musical pelos Senhores Orlando Silva, Darci Alves e Jonhson. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Sanzi Biagio que agradeceu a homenagem prestada pela Câmara Municipal, relatando fatos ocorridos com Sua Senhoria quando aportou nesta Cidade aos treze anos de idade. Relembrou o pioneirismo de seu pai vindo da Itália e iniciando suas atividades na Capital. Às dezoito horas e trinta minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocan­do os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Artur Zanella e Omar Ferri e secretariados pelo Vereador Omar Ferri, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Omar Ferri, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Artur Zanella): Minhas Senhoras e meus Senhores, damos início a esta Sessão Solene destinada a entregar o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Sanzi Biagio. Farão parte da Mesa, estão se dirigindo neste momento para cá, o Senhor homenageado Dr. Sanzi Biagio e a esposa Conchetta Rimoli; o Deputado Federal, Dr. Victor Faccioni; o excelentíssimo Representante da Associação Riograndense de Imprensa, jornalista Firmino Sá Brito Cardoso e o excelentíssimo Sr. Representante do Clube de Diretores Lojistas de Porto Alegre, Dr. Marcos Rachewski. Também convido, e peço que tome as providências, o Dr. José Carlos D’Ávila, Presidente da EPATUR, a fazer parte da nossa Mesa, que chega neste exato momento.

Solicito, então, ocupar o seu lugar na Mesa o Senhor homenageado Sanzi Biagio e sua esposa Conchetta Rimoli, por favor; o Sr. Deputado Federal, Dr. Victor José Faccioni, por favor; Dr. José Carlos D’Ávila, Presidente da Empresa Porto-alegrense do Turismo que, neste ato, representa Sua Excelência o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Sr. Representante da Associação Riograndense de Imprensa, jornalista Firmino Sá Brito Cardoso; o excelentíssimo Representante do Clube de Diretores Lojistas, Dr. Marcos Rachewski.

Senhores, nós estamos hoje, aqui, na entrega do Título Honorífico de Sanzi Biagio que é o Título que foi concedido por esta Casa a Requerimento meu. Então, solicito e peço ao Dr. Omar Ferri, que é o Líder do PDT nesta Casa, que, por favor, me substitua na Presidência, enquanto eu faço o meu pronunciamento, não sem antes saudar o Dr. Oly Érico da Costa Facchin, que vislumbrei há poucos minutos, ex-Deputado Federal que muito honra e honrou o Rio Grande do Sul em Brasília.

 

O SR. PRESIDENTE (Omar Ferri): Com a palavra, o Ver. Artur Zanella, que propôs o Título a Sanzi Biagio, que falará pelas Bancadas do PTB, PPS e PL.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente da Mesa, Ver. Omar Ferri; Sr. Homenageado Sanzi Biagio e a Esposa Conchetta Rimoli; Sr. Deputado Victor Faccioni; Jornalista Firmino Sá Brito Cardoso; Marcos Rachewski, José Carlos D’Ávila – representa nesse ato o Sr. Prefeito Municipal; Sr. Ver. João Dib, Vicente Dutra aqui presentes, demais pessoas que eu citaria em conjunto nesta citação que eu fiz ao Dr. Facchin, o grande amigo desta Casa, ex-Deputado Federal, minhas senhoras e meus senhores, nós estamos hoje com a Casa, aqui, repleta para homenagear mais uma pessoa, em uma cidade, e alguns dos senhores, de vez em quando, tem me ouvido falar, de um milhão e meio de habitantes, em que nós precisamos destacar e esta é uma das funções desta Casa, destacá-las, como um exemplo vivo para ser legado às pessoas que hoje habitam Porto Alegre e destacar, também, para a posteridade. Esta é uma das nossas funções. Esta Câmara Municipal, ela vota Projetos, ela discuti problemas, ela, às vezes, se torna uma luta de idéias, projetos e, às vezes, como é o caso de hoje, tem uma Sessão um pouco mais tranqüila, porque é para homenagear pessoas que são exemplos para todos nós. E eu antes de homenagear o Sanzi Biagio, o Biagino, eu queria fazer uma homenagem aos nossos Parlamentares Federais, que sabendo analisar e sabendo entender o desejo da população e o desejo do povo, há poucos dias, numa Sessão histórica, começaram a resgatar a moralidade pública em nosso País e, por isso, antes de saudar o Biagio, eu queria que todos os senhores saudassem ou com palmas, ou com aprovação, ou com respeito, o Deputado Federal Victor Faccioni... (Palmas.)... que desde o primeiro momento, desassombradamente, enfrentando mil pressões, enfrentando um império, trouxe para nós, que temos esse mandato popular, uma credibilidade que estávamos perdendo. Esta Câmara de Vereadores, Dep. Victor Faccioni, que foi Vereador de Caxias do Sul por muitos e muitos anos, talvez o mais jovem Vereador que Caxias já teve, é também uma casa política, é também uma casa – e vou repetir o que disse em alguns discursos porque talvez alguns dos senhores não tenham estado presentes e, se estiveram, é bom que tornem a ouvir – que tem 223 anos. A Câmara de Vereadores de Porto Alegre tem 223 anos. Isto é, não existia ainda a nação americana, não existiam os Estados Unidos da América do Norte, e já existia a Câmara de Vereadores de Porto Alegre; não existia a Revolução Francesa, era a época dos Luíses, na França, e a Câmara de Vereadores de Porto Alegre já existia; não existia prefeito, não existia intendente ou alcaide, e esta Câmara já existia. É por isso que ela tem legitimidade, tem uma tradição, tem um passado e, tendo um passado, ela tem que procurar ter um futuro para, soberanamente, dizer quem é que merece ser citado como um exemplo para toda cidade, transformando-o em seu cidadão, que é o caso presente. Nós estamos aqui homenageando uma pessoa que não nasceu no Brasil, que aqui fez a sua vida, que aqui chegou antes da Segunda Guerra Mundial, que aqui sempre defendeu os nossos princípios, os princípios da sua Mãe Pátria, que veio lá do sul da Itália, tão maltratado pela geografia e pelos preconceitos. E trouxe para nós a alegria, a seriedade, a responsabilidade, e dentro daquele seu segmento, e dentro daquele espírito de quem está aqui para servir, serve como exemplo para todos nós.

Até faço uma brincadeira sempre, porque estão aqui os dois que cito na brincadeira, que é séria, dizendo que esta atividade é um estado de espírito, porque tendo sido fundador e Presidente da Irmandade dos Italianos, proprietários de restaurantes e churrascarias trouxe junto a si, como também um dos fundadores, o Marquinhos Rachewski, que não é nem italiano, nem proprietário de restaurante, mas um judeu de bom assento, e o Wilson Müller, que pelo nome deve ser alemão, e que se entrosaram nisto aí, porque ser deste grupo é um estado de espírito. E é um dos segmentos maiores que temos aqui numa época de crise, por ser um dos segmentos de emprego, de turismo, de movimentação, de manter aceso aqui nesta terra, na nossa Cidade uma esperança de dias melhores. Não vejo nenhum representante deste grupo lamentando-se, queixando-se, os vejo, sim, trabalhando, inovando, criando coisas novas.

É por isso meus senhores, que ao ler algumas coisas que escrevi na minha Exposição de Motivos: que em 1939, com 16 anos, Biagino, junto com o pai e o irmão, foi trabalhar no Café Nice. Estudou no Colégio Anchieta. Em 1959, entrou no Restaurante Copacabana. Na década de 50 se faz esta unidade indestrutível, Biagino e Chico Spina. Foi fundador e Presidente da Irmandade dos Italianos proprietários de restaurantes e churrascaria. Lembra-me o Marcos Rachewski a figura inesquecível de Carlos Nobre. E eu me pergunto, minhas Senhoras e meus Senhores, daqui a um tempo, quando a história tiver que registrar, afinal de contas, quem eram as pessoas destacadas nesta época em Porto Alegre, quando procurarem quem eram os exemplos para os Vereadores nesta época, quando os historiadores aqui estiverem pesquisando vão encontrar poucos nomes não tanto quanto nós gostaríamos, porque essa Cidade é uma cidade de um milhão de habitantes, não encontrarão, nestes Anais, muitas pessoas que até não gostam de um título como este, principalmente quem não gosta de um título como este, são pessoas que jamais ganharão desta Casa um título como este, isto eu posso garantir. Muitos dos que não gostam de um título como este, jamais ganharão desta Casa e jamais ganharão um título por unanimidade como ganhou o Biagio. E ele é um exemplo, ele é para nós uma recordação que ficará por toda a história da nossa Cidade, como um homem que trabalhou, um homem que é amigo dos seus amigos e é um homem que hoje recebe da Câmara Municipal de Porto Alegre, que representa esta Cidade, o Título de Cidadão da sua Cidade, é isso que ele é. E nós, eu ao menos, não devemos transformar isto aqui numa Sessão de despedida, mas sim como uma Sessão de início, hoje ele tem mais responsabilidade. E nós devemos um agradecimento a ele, ele não deve agradecer nada a nós, por ter trazido lá da Itália, para nós tudo aquilo que nós gostamos, que é de um amigo, de um homem honrado e de um irmão de todos nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de passar a Presidência ao Ver. Artur Zanella, a Mesa quer, se penitenciando, informar que o Ver. Artur Zanella como proponente do Título e também pelas Bancadas do PTB, do PPS e do PL.

Agora, tenho a honra de passar a Presidência dos trabalhos ao Ver. Artur Zanella, porque deverei falar em nome da minha Bancada, o PDT.

 

(Às 17h37min, o Sr. Artur Zanella assume a Presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Artur Zanella): Com a palavra, o Ver. Omar Ferri, que falará em nome da Bancada do PDT.

 

O SR. OMAR FERRI: Exmo. Sr. Presidente da Mesa (Menciona a composição da Mesa.) Eu citei algumas pessoas que compõem a Mesa, e a presidem, nesta Sessão Solene, mas eu olho para este Plenário, e vejo que ele está repleto de grandes amigos do Biagino. Aqui, logo na minha frente, o jornalista Diony Baddo; nos fundos, o meu companheiro, há 40 anos, desde os bancos escolares, Dr. Bertran Iturbide de Oliveira e esposa; o prezado Deputado Federal Oly Facchin; o historiador de todos nós, que veio das mesmas terras do nosso homenageado, Prof. Dante Laitano, e esposa. (Palmas.) Lá, nos fundos, o meu amigo Pavan, e exma. esposa; e aqui, no centro da sala, um grande amigo nosso, que representa, com muito brilho, a Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que é o nosso amigo querido Desembargador Nelson Rassier. Gostaria que dessem uma salva de palmas, porque o Dr. Nelson é um dos representantes da mais digna magistratura do Brasil. (Palmas.)

Lá nos fundos o meu amigo Rocco de tantos anos, e um irmão meu, aqui, Biagio Rimoli e sua esposa, “il panatiere”, sempre quando digo meu irmão é “il panatiere”. (Palmas.) E, tantos outros, alguns que vieram do interior. Enfim os nossos amigos estão aqui e se alguns me permitirem que eu use esta palavra, também alguns trabalhadores do restaurante Copacabana. Mas, eu quero dizer que esta, realmente é uma solenidade muito importante, porque aqui se encontra o coração musical da Cidade. Olha, eu tenho andado por este mundo afora, e tenho conhecido gentes de todas as terras, e convivi por largos 25 anos numa cidadezinha, onde só se falava o italiano, colonizada pelos italianos lá do norte, pelos Vênetos; esta cidadezinha se chama Ilópolis. Aprendi desde cedo a conviver com os meus patrícios, a entender o pensamento, a alma, o coração; eu que viajei por tantos mundos e que me criei no meio da italianada consegui estabelecer uma grande diferença entre o Norte da Itália, que todos elogiam, e fazem louvações, e o sul da Itália que é muito diferente, porque aquele povo contém a musicalidade dentro do seu próprio coração, porque é um povo Calabrez, e especificamente, o povo de Morano Calábro, que veio para estas terras enfeitar com as suas almas, seus corações aquele sentimento que faltava no pampa do Estado do Rio Grande do Sul. (Palmas.)

O sentimento do amor, o sentido de amizade, o sentimento de suas canções, de suas almas, o sentimento de sua musicalidade. Esta é a verdadeira expressão de um povo: a expressão do povo calabrês, também representado nesta tarde festiva por esse extraordinário cidadão que se chama Sanzi Biagio e sua excelentíssima esposa. Meus parabéns em nome de 14 vereadores do Partido Democrático Trabalhista, meus parabéns Ver. Artur Zanella por em tão boa hora ter se lembrado de conceder este magnífico Título. Parabéns à Câmara de Vereadores que aprovou o Título por unanimidade; parabéns à comunidade de Porto Alegre, aqui presente, mas especialmente com que gratidão o povo gaúcho, o povo de Porto Alegre diz “parabéns ao Biagio e a todos àqueles que vieram da Calábria trazer um pouquinho de alma e de sentimento, de música e de amizade para todos nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib, que falará em nome da Bancada do PDS.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente da Mesa Ver. Artur Zanella; prezado homenageado Sanzi Biagio e sua esposa; meu caro José Carlos Melo D’Ávila, Presidente da EPATUR; meu querido amigo Victor Faccioni, Deputado Federal, que nos honra com sua presença; uma das figuras mais presentes neste Plenário é o Jornalista Firmino Sá Cardoso, que saudamos e que aqui representa a ARI; Marcos Rachewski figura indispensável nesta Cidade de Porto Alegre, também aqui representando o Clube dos Diretores Lojistas, amigos do Biagio e da Conchetta, Senhores Vereadores, meus Senhores e minhas Senhoras.

Em primeiro lugar eu vou fazer um acréscimo às manifestações aqui,  que os árabes também estão na irmandade. Porque desde o primeiro jantar eu estive presente lá, e não quero faltar nenhuma vez. Mas, de repente, meu querido Biagio, meu irmão Biagio, eu tive um problema para falar aqui. Porque o Ver. Vicente Dutra, queria ele falar, mas eu disse não, eu sou o irmão mais velho do Biagio, sou eu que vou falar, eu sou o Líder da Bancada, sou eu que vou falar. O Marcos Rachewski disse que queria ser Vereador hoje para falar. E o Victor Faccioni também queria voltar a ser Vereador para também falar, e eu acho que cada um dos amigos do Professor Dante de Laytano faria um belíssimo discurso e nós aprenderíamos muito mais. É claro que eu não vou falar das qualidades do Biagio porque todos que estão aqui, é porque gostam deste casal maravilhoso. Casal maravilhoso que somente o protocolo da Paula fez com que eles ficassem um pouco longe do outro por alguns momentos, senão eles estariam sentados lado a lado.

Mas, Biagio, querido amigo, eu li que a satisfação de um homem é maior quando ele nasce numa grande cidade. E o Biagio não sabe se ele nasceu na grande cidade, ou vive na outra grande cidade. Porque Morano e Porto Alegre são duas cidades irmãs. E eu olho para o Biagio, eu não conheço Morano, mas eu vejo Morano, aquele monte, cheio de casas, uma ao lado da outra e que se fica pensando como é que se equilibra tudo aquilo. É porque os calabreses são pessoas inteligentes, que sabem como conduzir suas vidas, sabem aproveitar o seu solo, sabem fazer o melhor para que todos  possam confraternizar, e, bem destacou aqui o Ver. Omar Ferri, sabem ter amor e trouxeram este amor aqui para o Rio Grande. E é possível que aqui no Rio Grande tenha mais calabreses do que lá. Mas Porto Alegre e Morano são irmãs. Então, tudo é uma cidade só. E o Biagio é feliz porque, se não nasceu em Porto Alegre, nasceu na cidade irmã, mas hoje a cidade irmã maior, não a mais velha, mas é a maior, está dizendo a ele que o adota, o reconhece como um cidadão importante nesta cidade. Ele passou hoje a ser um Cidadão Emérito. Recebeu o Título, que a Câmara por unanimidade lhe outorgou. Título que ele não pediu, mas as medalhas que ele traz no peito mostram que, realmente, ele tinha mérito. Além de ser nosso amigo, além de todos nós gostarmos dele, ele fez muitas coisas boas, não só aqui na nossa Porto Alegre, não só lá na sua Morano, mas onde ele passou e pode ser útil.

Então, é por isso que a cidade de Porto Alegre, por seus Vereadores aqui presentes, pela totalidade do seu Plenário, na aprovação do título, está lhe dando parabéns. Dizendo ao Biagio que este título não o isenta de trabalhar. Este título diz que vais ter que trabalhar muito mais por esta cidade, que é irmã da cidade em que tu nasceste. Mas que não há de ser tão difícil trabalhar mais, porque alguém estimulado pela Conchetta vai fazer, tranqüilamente, muito mais. Depois os filhos, netos e amigos lhe darão toda oportunidade de que tu continues sendo extremamente útil à esta cidade, e dizendo porque tu recebeste o título, que te homenageia hoje, com toda a justiça. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de anunciar o seguinte orador, eu gostaria de ressaltar, aqui, a presença do Dr. Antonio Giugliotta, Presidente da Sociedade Italiana; do Comendador Carmine Motta e do Alceri Flores, Tio Flor, demais pessoas que, por acaso, eu não tenha citado, porque temos tantas pessoas amigas aqui, que nós, evidentemente, faremos omissões.

Meus Senhores e minhas Senhoras, eu fui, já, Vice-Presidente desta Casa, e exerci por muito tempo a Presidência, quando era Presidente da mesma o Ver. Geraldo Brochado da Rocha. Eu fazia e faço questão absoluta de manter íntegro o nosso Regimento Interno. Como por agora, neste momento, estou na Mesa, estou presidindo esta Sessão, por uma deferência especial do Sr. Presidente, eu sou Presidente da Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação, o nosso Regimento Interno será quebrado nesse momento, porque a ocasião é muito importante.

Por isso, eu convido o Deputado Victor José Faccioni para falar para nós, aqui nesta homenagem. (Palmas.)

 

O SR. VICTOR JOSÉ FACCIONI: Meu caro Presidente, Ver. Artur Zanella, demais Vereadores aqui presentes, Omar Ferri, João Dib, Vicente Dutra, meus caros representantes do Sr. Prefeito Municipal, representante da Associação Riograndense de Imprensa – Jornalista Firmino Sá Brito Cardoso; representante do CDL – Marcos Rachewski, prezado Desembargador Nelson Rassier; meus caros Presidente da Sociedade Italiana, Antonio Giugliotta e representante dos calabreses da Calábria, Carmine Motta, meus caros amigos aqui presentes, conterrâneos, compatriotas, meu caro Sanzi Biagio; nosso Presidente em exercício dos trabalhos, Ver. Artur Zanella que concedeu este privilégio em poder falar.

Lamento que num dia em que minha voz está sem maior ressonância, estamos aí num momento da maior importância histórica da vida política do nosso país, às vésperas, inclusive, das eleições municipais. Esta Casa, a Câmara de Vereadores vai ser renovada ou vai ser reconduzida. Eu tenho dito que se no Brasil falharam, por enquanto, pelo menos alguns sonhos, o sonho de fazermos da Constituinte um condão para o grande milagre nacional, meu caro Profº Dante de Laytano, sabe o amigo, como grande historiador, que não é por aí. De fazermos das eleições diretas para Presidente da República, a solução do país, sabe, também,  o amigo que não é por aí. De repente, se esvai o mito da Constituinte, se esvai o mito das eleições diretas. A nossa Itália não tem eleição direta para Presidente da República, nem a Alemanha, nem Israel, meu caro Dr. Marcos, nem tantos outros países de tradição democrática.

A democracia se faz de tantas formas. Mas se não for por aí que resolvemos, a tentativa foi feita, vamos aprendendo. De repente, quem sabe, a reconstituição da vida política do nosso país, ao invés de ser feita de cima para baixo, será feita de baixo para cima. A eleição municipal, a eleição do Vereador, do Prefeito, do Vice-Prefeito. Quem sabe o cidadão comum, votando naquele que ele conhece, com quem ele convive, vai estabelecer um padrão. É como se o Município, o alicerce da vida política do país,  esteja representado neste momento de tentativa de reconstituição. E isto acontece numa semana em que a Câmara dos Deputados autorizou a abertura de um processo de “impeachment” contra o Presidente da República, como que resgatando o sagrado direito de 35 milhões de eleitores, que passaram uma preocupação, mas também de retirá-la, na medida em que ela não foi bem exercida.

Pois bem, neste momento, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, às vésperas de um dia histórico, depois de um outro dia histórico, presta uma homenagem a um cidadão ilustre, da nossa cidade de Porto Alegre: Sanzi Biagio.

Na semana passada a Câmara prestou esta mesma homenagem a um outro cidadão destacado, companheiro da mesma irmandade, da mesma fraternidade, que é o Dione York Baddo, a quem quero neste momento estender o preito de admiração e de solidariedade. (Palmas.)

Não pude estar aqui, porque estávamos lá na Câmara dos Deputados, na luta em torno de uma grande decisão, em nível nacional.

Oxalá, em Brasília, não estejamos pura e simplesmente promovendo desdobramento de mais uma ficção. Oxalá a cúpula política nacional esteja aprendendo a lição e se estabeleça de uma vez por todas uma verdadeira sintonia entre o cidadão e a cúpula política. Nós, parlamentaristas, achamos que no sistema parlamentar de governo isto obrigatoriamente acontece, porque no dia em que se rompe o comprometimento, o compromisso da execução de um programa de governo, cai o governo; no presidencialismo é diferente, é mais complicado.

Mas é um momento de lições, como é um momento de lição este que estamos vivendo aqui da homenagem ao Sanzi Biagio. Eu aceitei falar, de um lado por querer homenageá-lo, de outro lado por querer homenagear nele a tantos e tantos oriundes da nossa Morano Calabro, da Calábria, e de tantas outras províncias da Itália. Porto Alegre não seria a mesma sem o colorido faceiro, aberto, extrovertido dos calabreses, dos italianos de um modo geral e de todas as raças que compõem a etnia multicolor da nossa mui leal e valorosa cidade de Porto Alegre. Não é por outro motivo que, há alguns anos atrás, fizemos aqui o biênio da colonização-imigração festejando cem anos da presença dos italianos, os cento e cinqüenta anos de presença dos alemães, os cem anos dos poloneses, dos judeus, dos portugueses, dos franceses, dos japoneses, dos espanhóis, do negro, do africano que foi trazido para cá na marra e aqui, depois, voltou a ter liberdade. Quanta luta e quanto sacrifício! Puxa, quando a gente olha para trás, meu caro Batmam, a gente vê que se conquistou o que é hoje Porto Alegre, o Rio Grande. Não foi com facilidade, foi com luta. Então a gente vê quê compromissos temos hoje para o amanhã, para os nossos filhos. “Si a nostri noni no al fato tanto lavoro” a nós o que resta fazer? Um pouco mais.

Meu caro Facchin, meu companheiro de representação na Câmara dos Deputados, em tantas oportunidades, sabe tanto quanto eu, como é difícil a sintonia do nosso Rio Grande com algumas outras áreas do nosso Brasil. Uma certa distinção de cultura aqui há uma certa tradição das etnias que vieram ou da Europa ou do Oriente e que sedimenta ram alguns valores éticos e morais, que eu quero crer, podemos, neste momento, simbolizar muito bem no nosso querido homenageado, o Sanzi Biagio. Ah! Minha gente, eu falo porque eu tenho a certeza que o Chico gostaria de estar falando. Eu falo porque tenho a certeza que o Salvador e Severino, que estão lá em Morano Calabro gostariam de estar aqui hoje, também, falando. Eu falo por tantos outros. Os nossos Vereadores falaram, e falaram com que eloqüência, a eloqüência, o senso de oportunidade do mérito da iniciativa do Ver. Artur Zanella, das colocações do nosso Ver. Omar Ferri, que traduz, também, junto com o Ver. Zanella, o seu traço itálico ou o nosso sempre Prefeito João Dib que disse muito bem e eu quero crer o quanto o Ver. Vicente Dutra não gostaria de estar falando. Mas, aqui todos estão porque gostariam de dizer, só que mais do que palavras a presença e os gestos falam por nós, falam pelo nosso coração. Receba a nossa homenagem, sinta-se nela, também homenageando a todos os italianos de Porto Alegre, principalmente a esta fabulosa Colônia Calabresa. Só dizer que temos em Porto Alegre mais moraneses do que Morano Calabro não precisa dizer mais nada. Ora, é uma Morano Calabro por opção e, exatamente, por opção é que nós acolhemos uma sugestão que partiu do “Comitato” ao Ver. Vicente Dutra e dele para mim na Câmara dos Deputados, que transformamos numa Emenda Constitucional, permitindo que todos os estrangeiros de todas as origens, não só os italianos, residentes no Município, possam votar nas eleições municipais. (Palmas.)

Os estrangeiros contribuem para a vida cultural, social, para a vida econômica, contribuem para os cofres do Município porque não podem ser um cidadão pleno. E esta iniciativa tem similar em outros países. Para apresentar uma Emenda adicional precisa de 180 assinaturas, eu comecei a recolher assinaturas e, quando falei com o Deputado José Serra, por exemplo, do PSDB de São Paulo, ele me disse: Faccioni é uma boa idéia, eu fui exilado do Brasil na França e votei lá. Falei com o Deputado José Dirceu do PT e ele me disse: Eu fui exilado no Chile e votei lá, e assim tantos outros. Nós não tínhamos tido, ainda, esta lembrança e esta iniciativa que ficou assim traduzida. Para esta eleição não deu tempo, mas a emenda já teve aprovada a admissibilidade, por unanimidade, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, há duas semanas atrás. Agora, vai ter o Parecer do Mérito e espero que ela venha a ser aprovada para as próximas eleições. E aí, meu caro Biagi, cidadãos como tu e tantos outros, poderão, também, votar. Quem sabe, inclusive, serem votados para poderem decidir, dar uma contribuição ainda mais positiva, tanto quanto já dão de si para a vida desta nossa querida Capital, a mui leal e valerosa Cidade de Porto Alegre. Por enquanto, a nossa homenagem se traduz na solidariedade do Título que a Câmara de Vereadores, por proposta do Ver. Artur Zanella, aprovou por unanimidade. Mas, a nossa homenagem maior será quando pudermos dar a todos, como tu, o direito também de votarem nas eleições, de serem votados, de serem Cidadão Benemérito, sim, Cidadão Honorário, sim, mas também, e acima de tudo, um cidadão com todos os direitos da cidadania, porque que fez como você  fez, e tantos outros fazem, merecem, porque conquistaram e não pelo simples fato de aqui terem nascido. Merecem porque optaram, e porque optaram e conquistaram têm o nosso preito e o nosso reconhecimento. Que sirva esta homenagem, de exemplo para tantos outros e que esta Casa receba, também, no dia das eleições, no sábado, a manifestação e o reconhecimento, pelo trabalho de quantos nela militam, dos eleitores e do povo de toda a Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu queria destacar também a presença da Sra. Núncia Constantino, Presidente da Associação Cultural Italiana, Carmine Motta, repetindo, Representante da Regione da Calábria; Firmino Pavan que já foi citado pelo nosso querido Líder, Ver. Omar Ferri; Biagi Rimoli e Josefina Sanzi Rimoli que vejo com satisfação, sentados aqui, com saúde plena, para que nós possamos, todos juntos, o Elson Furini que é nosso, também Cidadão de Porto Alegre, Presidente da Irmandade dos Italianos, e todos os outros, amigos que temos, amigos desta Cidade, para que possamos agora, de pé, presenciar a entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre a Sanzi Biagio, pela valiosa contribuição com o seu trabalho em prol do engrandecimento da sociedade Porto-alegrense.

 

(É feita a entrega do Diploma.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu chamaria, agora, as meninas Milene, Melissa, Renata e Gabriela, netas do Biaginho, para entregarem as flores ao seu querido avô.

 

(É feita a entrega das flores.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu gostaria também de ouvir, não um discurso, porque depois das palavras que ouvimos dos nossos colegas Omar Ferri, João Dib, nosso Deputado Federal, eu creio que a parte de oratória tem o seu ponto culminante ao final, com Biagio. Mas eu gostaria de ouvir um discurso musical do Orlando Silva, do Jonhson e do Prof. Darci Alves, três pessoas que são a imagem musical, desta Cidade, três pessoas que representam a Porto Alegre que, infelizmente, não existe mais, mas que trazem para nós, com sua arte todo aquele encanto da Porto Alegre antiga. Nós também, aqui, temos a destacar, como disse, a mensagem do Sr. Governador do Estado, Dr. Alceu Collares, do Vice-Governador Dr. João Gilberto Lucas Coelho, do Sr. Prefeito Municipal, inclusive pessoalmente manifestou a mim e ao Biagio que faria todo o possível para estar aqui conosco devido a grande amizade e infelizmente não teve condições, mas está aqui bem representado pelo Dr. José Carlos D’Ávila, Presidente da EPATUR, que é o órgão que cuida do turismo da nossa cidade.

Estão chegando ao Plenário os três músicos que farão uma homenagem ao Sr. Sanzi Biagio, Prof. Darcy Alves, Orlando Silva e Jonhson.

 

(O Sr. Jonhson canta.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu queria destacar, principalmente, às pessoas que têm a idade da Milene, da Melissa, da Renata, Gabriela, que são as netas do Biaginho, que elas acabam de participar até de um momento histórico. Esta pessoa que cantou tem oitenta e dois anos, amigo e companheiro de Lupicínio Rodrigues, participaram há poucos dias da Semana Lupicínio Rodrigues, uma bela idéia e realização de seu filho Lupinho, Lupicínio Rodrigues Filho, foi boxeador, foi portuário, foi esportista, foi proprietário de restaurante, e eu tenho impressão que representa, como eu disse, com Orlando Silva e professor Darcy Alves uma Porto Alegre que existiu e que não existe mais, e que existia em 1939 quando aqui aportou o Biagio Sanzi, o Biaginho, a quem eu concedo a palavra neste momento.

 

O SR. SANZI BIAGIO: Gostaria de convidar aos amigos aqui presentes, para um coquetel na Sociedade Italiana na Rua João Telles esquina Rua Cauduro, logo após esta Sessão Solene, com muito prazer receberia a todos os meus amigos. Excelentíssimo Presidente da Mesa, Ver. Artur Zanella, Excelentíssimo Sr. Representante do Sr. Prefeito, Presidente da Epatur, meu grande amigo José Carlos Melo D’Ávila; Exmo. e querido Dr. Victor Faccioni, que veio de Brasília para me dar a honra de estar aqui neste momento. Agradeço com muita emoção. (Palmas.) Exmo. Representante da Associação Riograndense de Imprensa, jornalista Firmino Sá Brito Cardoso; meu querido padrone da nossa Associação, Tio Marquinhos; minha querida esposa Conchetta; demais autoridades que não citei.

“A minha vida sempre foi recheada de emoções. Destaco uma ansiosa emoção que senti quando nos meus treze anos aportei neste querido Brasil, sabendo que nesta nova terra eu viveria uma aventura, e agora, nos meus 69 anos pensava que as emoções mais fortes já as havia experimentado todas. A emoção que sinto neste dia, a par de ser agradável, me confunde por que mexe com minha sensibilidade, chegando a sentir-me aquele garoto faceiro, assustado, recém chegado à América.

Esta homenagem, que teve a iniciativa do meu amigo Vereador Artur Zanella, e aprovação de todos os meus amigos Vereadores, provoca em mim evocações dos 56 anos de intensa vivência nesta querida Porto Alegre. Recordo meu pai, qual um pioneiro, veio da Itália para o Brasil em 1926, e aqui trabalhou muito para permitir a vinda dos demais membros da família. Assim em 1930 veio meu irmão Luiz. E, finalmente, precisamente no dia 8 de fevereiro de 1936, chegavam no Brasil minha mãe Concheta, minhas irmãs Lina, Josefina, Marieta e Yda, meu avô Luiz Sanzi e este amigo de vocês.

Foram anos iniciais de muita luta. Lembro-me que o Café Nice, explorado pela família na Rua Dr. Flores, foi por duas vezes depredado por extremistas durante a guerra. Mas graças à ajuda de amigos, conseguimos reabri-lo, nas duas vezes, em poucas horas. Na verdade, só paramos por 15 dias, por ocasião da enchente de 1941, porque aí era impossível trabalhar.

Aqui nesta Cidade sempre recebi o carinho deste povo amigo. Aqui vivi anos felizes com minha esposa Gilda Ginnari Sanzi, morta em 1988, companheira de todos os momentos, deixou a lembrança de uma pessoa alegre e disposta. Deste casamento tivemos os queridos filhos Renato e Regina que já me brindaram com 7 netos.

Hoje vivo momentos novamente alegres com a minha companheira Concheta Rimoli, à qual me uni celebrando nosso casamento na Itália.

Fui um dos fundadores e por quatro anos Presidente da Irmandade dos Restaurantes Italianos.

O Restaurante Copacabana ocupa espaço decisivo em minha vida.

Às vezes fico pensando que o Copa já nasceu comigo, tal a intimidade e a influência deste espaço na minha pessoa. Neste momento lembro com especial carinho do Leonardo Vitola, criador do Copa, falecido em 1968. O Vitola foi meu sócio e amigo. O Chico Spina entrou na sociedade em 1958 e eu fazia parte dela já em 1953. O Copa passou a ter grande impulso a partir de 1970, graças, em grande parte, à dedicação de nossos zelosos funcionários. Falar da minha parceria com o Chico penso que seria dispensável, pois todos sabem que formamos uma dupla inseparável e que nossa sociedade está muito acima de interesses econômicos, pois se assenta na amizade e no respeito mútuo. Assim como o Copa acho que o Chico já nasceu meu sócio e vamos morrer assim.

Estórias tenho muitas para lembrar da minha vivência com esta querida Porto Alegre. Peço que me perdoem não contá-las, pois certamente que as lembranças de pessoas que me foram caras provocarão fortes emoções e eu pretendo concluir este breve discurso até o fim. Só citarei dois fatos: o primeiro acontecido logo que cheguei a Porto Alegre, ainda sem saber falar o português, meu irmão me deixou tomando conta da Agência Lotérica, com meus 13 anos. Entrou um camarada e roubou vários bilhetes. Envergonhado, fui vender bilhetes na rua e paguei tudo.

Outra vez fui assaltado no Copacabana na década de 70.

O Carlos Nobre, na sua irreverência, escreveu na coluna que o bandido, me vendo por trás do balcão disse: “Levanta-te, e eu respondi: já estou de pé”. Vocês estão vendo que trago comigo algumas medalhas. Elas pertenceram a meu pai, que foi herói da guerra de 1914, tendo recebido o Título de Cavalieri de Guerra. Sou grato a meu pai, que sempre me transmitiu amizade e foi um exemplo de honestidade.

Falar em Copacabana tem que falar em Carlos Nobre. O Nobre fez do Copa a sua sala de visitas – lá é que ia descansar, no fim do dia – todos os dias – ao entrar, ainda na porta, já ia dizendo: “...cadê a cerveja, já devia estar na mesa, pô!”. Grande figura o Nobre! Porto Alegre perdeu um de seus melhores cronistas e um extraordinário humorista. Bem. Tenho que concluir, para não ter que “visitar” novamente o Instituto de Cardiologia, como em março de 1990, quando fui hóspede dos Doutores Lara e Luchesi. Quando dei alta, os dois médicos, meus amigos, beijaram-me simultaneamente as faces, como um gesto de carinho que muito me sensibilizou. Agradeço, enfim, a todos que contribuíram para que este momento acontecesse. Agradeço aos meus queridos Vereadores este gesto de bondade para com este Biaginho de vocês. Agradeço – especialmente a esta querida Porto Alegre que tanto amo e que me deu tantas alegrias – à qual serei sempre grato com a única forma que sei, fazer bem o meu trabalho.”

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão. Muito obrigado a todos.

Estão levantados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h30min.)

 

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